20 de agosto de 2010

O Keralux... Duas primeiras Diárias (Edson Costa)

Nas duas primeiras diárias do documentário, tivemos coisas maravilhosas como o Seu Damião.“Vim pra cá, pra ficar perto de meus filhos. É só o que quero da vida que me resta”, levou uma vida muito difícil no interior da Bahia, calçou seu primeiros sapatos depois dos 20 anos de idade. Hoje trabalha numa doceria no bairro.


“Semana passada tinha um pessoal ai gravando, era coisa de politico, nesse período eles aparecem.”(filha do Seu Damião)

Com o fato de ser ano eleitoral, os moradores do bairro, que ainda não nos conhece, acham que estamos fazendo propaganda politica de candidatos. Em algumas circunstâncias nos pedem cachê para dar entrevistas, ou criam inúmeros empecilhos, para não entrevistarmos algumas pessoas. Isso para nós, tem sido o fato mais difícil.. A comunidade tem sua imagem muito explorada por politicos , que só aparecem nesses períodos eleitorais.

Um grande achado do acaso, foi uma outra revelação, da forma que a imagem da comunidade vem sendo explorada e difamada.

Quando fomos pedir autorização para gravar as crianças jogando bola , a um grupo de senhoras que conversavam, e nos observavam, tomamos conhecimento de um fato, que deixou os moradores apreensivos com câmeras filmadoras e fotográficas.

“Uma vez, há uns anos, veio aqui um pessoal, dizendo que tava fazendo um filme. Gravou e fotografou as crianças brincando, elas fizeram a maior festa. Uma de nossas vizinhas tirou uma foto em que eles colocaram um lenço na cabeça dela. Depois de alguns dias estava no jornal que as crianças estavam brincando no lixo, na água suja. Tinha uma foto do meu filho bem grande no jornal, dizendo que ele estava doente, que ficava brincando com o lixo, além de dizerem que minha vizinha estava também doente. Os dois estavam super saudáveis. Fiquei com tanta vergonha, passei semanas sem por minha cara na rua, e ainda meus vizinhos ficaram com raiva de mim, durante muito tempo.”(vizinha da Dona Valdeci)

Depois de muita conversa, ouvimos mais do que falamos, não conseguimos nem mesmo gravar o depoimento, que escrevi acima com minha vaga memória, mas conseguimos a Dona Valdeci para nos dar um depoimento, onde ela podia relatar e reivindicar as suas necessidades e de seus vizinhos.

“Tenho tantas coisas pra pra dizer, que quando começo, fico nervosa. Quando termino de falar percebo que deixei de falar várias coisas. São muitas coisas que ficam entaladas.” (Dona Valdeci, mora na rua do rio, onde gostaria que a comunidade do Keralux, conquistasse alguma área de lazer para as crianças do bairro)

Conversamos muito com a comunidade do bairro, expondo quais são os nossos objetivos com o documentário. Este que dará um retorno maior a comunidade, sendo usado como ferramenta para a população do Keralux. Onde temos sim, que melhorar a relação entre os moradores, assim como sensibilizar o poder público, aos problemas de regularização das habitações, como seus problemas ambientais e sociais.

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